domingo, 1 de agosto de 2010

Bonecas descartáveis e outras que tais

     Hoje acordei com a maior vontade do mundo de te mostrar todas as memórias em que te guardei e de te dizer tudo o que fechei em mim durante todo estes tempo, apenas libertado pelas lágrimas que chorei. És e sempre serás um eterno amante de mulheres, um conquistador nato que se recusa a se agarrar a uma só mulher, mesmo sabendo que é a mulher da vida dele. Preferes ter um leque de escolhas que te deixa variar conforme queiras, de mulher para mulher. 
     Dedicas-te a cada uma delas de tal maneira, que convences qualquer uma a conhecer o quão confortável é a tua cama ou então preferes levá-las até à cama de um hotel manhoso a que recorres quando não passa de apenas uma noite de desejo. Mas eu sei que isso é apenas uma armadura que usas para te proteger de um dia seres como aqueles casais, que no início, conseguem ver tudo perfeito, mas que com o avanço dos anos não resistem à erosão do tempo e caem na rotina que acaba sempre por preencher os dias com coisas completamente cheias de nada e de coisa nenhuma. 
     Eu sei que fui diferente de todas essas tuas bonecas descartáveis. Amavas-me mais do que tentavas mostrar, exactamente para te poderes esconder por detrás da tua armadura, tal como as avestruzes quando metem a cabeça debaixo de terra quando têm medo. Mas eu conheço-te, secalhar melhor do que tu próprio, e não sabes disfarçar a maneira como me destacas das outras. Comigo, dispensas todo o tempo necessário, tempo que para ti é precioso, mas com elas tens tudo contado até ao último minuto. Comigo, gastas esse tempo a dar-me a conhecer os teus segredos, os que trazes sempre guardados na tua caixa de Pandora como um tesouro intocável, mas com elas dispensas esse tempo apenas para lhes levantares as saias quando te queres esconder do teu coração. 
     Às vezes gostava que me desses de vez o teu coração e amarrasses o teu barco no meu porto de uma vez por todas. Já tens o teu lugar à espera há demasiado tempo, e podes demorar o que quiseres porque será sempre teu e nunca vou deixar que o ocupem por ti. Mesmo assim, insisto que deixes o teu coração encontrar-te, andais desencontrados à demasiado tempo e precisas de lhe dar ouvidos. Atira a tua lista de bonecas descartáveis e outras que tais para o outro lado da cidade, sem remorsos nem medo de um dia vires a precisar dela. Ouve com atenção o que o teu coração te diz, ele nunca se engana. O meu já me disse que tu um dia virias, será que o teu te vai dizer em que dia?