sexta-feira, 27 de agosto de 2010

amores e outros que tais

     Começo a pensar que enlouqueci de vez, que alguém me lavou a alma sem eu perceber e comecei a acreditar em histórias de encantar. A idade da estupidez já passou, já devia ter aprendido que o amor à primeira vista não existe, tal como os amores perfeitos. O que existe são trocas de corações e de almas, é isso. Não podemos confundir as coisas. O amor acaba, ou simplesmente se vai apagando com a erosão do tempo e da rotina, mas essas trocas ficam eternizadas porque dá-mos o nosso coração e recebemos um novo, que bate mais forte e desalinhado de cada vez que nos cruzamos com o nosso, que faz tremer as mãos e as pernas e nos deixa as palavras presas na garganta. Deixamos de ser nós, passamos a ser o que resta de nós e o outro, numa união quase perfeita que vai mudando de cada vez que dá-mos o coração que temos. 
     É assim que vou tentando perceber tudo o que se passou. Não sei por que nome te chamar, não sei como chegaste até mim nem sei porque chegaste, apenas sei que bates em mim, com toda a força e todo o sentimento tão característico do mistério e da paixão. Todas as noites, em silêncio, faço-te todas as perguntas que ecoam na minha cabeça. Não tenho respostas, e as que tenho são imaginadas conforme eu gostava que fossem verdade. Mas um dia, vou a correr atrás de ti, vou-te puxar pê-lo braço e vou-ter encher de perguntas, vou-te dizer tudo o que o meu coração tem guardado e quem sabe não te agarre para sempre.