quinta-feira, 1 de julho de 2010

Cada coração, um caso.

      Hoje apercebi-me que ainda me aconchegas o coração. Não por ainda o encheres com o teu amor, mas simplesmente por saber que ainda me desejas. Pode ser infantil e irracional, mas é uma forma de me manter com o coração quente enquanto espero pelo meu próximo amor, aquele que me espera em silêncio e que me procura mesmo sem procurar. Eu sei que ele existe e sei que anda por aí, e quem sabe um dia não me dê de caras com ele num lugar qualquer e aí troquemos de corações na hora. Mas como ainda não me dei de caras com ele e também ainda não trocamos de corações, preciso de viver contigo no coração, só por uns tempos para ele não ficar frio e não me deixe acolher quem me procura sem procurar.
     Em tempos, achava que para viver no coração de alguém, era preciso pedir licença, porque tal como não se entra na casa das outras pessoas sem se pedir, também não se entra nos corações dos outros sem avisar. Mas pensando melhor, para quê avisar se são os outros corações a pedir para que nós os habitemos? O problema, é que às vezes esses mesmo corações que um dia nos quiseram acolher, fartam-se, como qualquer pessoa se pode fartar de outra, e aí corre-nos com sete pedras na mão e ficamos sem saber para onde ir. O pior, é que não sabemos se o nosso coração quererá ficar disponível para acolher um novo residente. Como se diz, cada casa é um caso e portanto cada coração é um caso diferente também.
     Depois de chegar a esta conclusão, é que decidi que te queria continuar a deixar habituar a casa a que te habituaste tão bem. Eu ainda não saí da tua, porque o teu coração insistiu para que eu continuasse a frequentá-la, pelo menos aos fins-de-semana, para manter tudo em ordem e te aquecer o coração. Fiquei surpreendida, mas sabes o que ele me disse quando lhe tentei sacar a verdade? Disse que sou a única que sabe como mantê-lo quente a cada dia que passa, não como as outras que apenas conseguem arrumar a casa e depois saem para férias.

terça-feira, 29 de junho de 2010

O faz de conta


      Cada vez percebo menos porque é que te escrevo este pequeno diário, carregado de memórias e boas intenções, para ti e até mesmo sobre ti. Provavelmente ainda acredito que isto te trará de volta. Mas não, porque tu continuas a tua vida e eu continuo a minha e ao fim de cada dia, em vez de escolher continuar a vivê-la, decido parar para viver, durante uns instantes, o meu passado contigo. Talvez tu prefiras andar com a tua para a frente mas, enquanto não resolveres o que puseste para trás das costas, não sairás do labirinto que construíste à tua volta.
      Sinceramente, gostava de um dia mais tarde poder partilhar contigo todas estas palavras, só para ver a tua reacção. O mais certo seria ficares à toa, sem saber o que fazer e provavelmente não farias nada. Tu percebes as coisas, porque eu sei que sim, apenas preferes fazer de conta que não percebes para não teres de encarar a força das palavras e acumulas tudo o que não queres encarar, formando uma gigante bola que te vai perseguir ao longo desse labirinto, que tu mesmo criaste, até ao fim da tua vida.
      A cada pensamento que transponho para o papel, percebo que tenho muito a dizer mas, nem sempre, existem as palavras correctas para isso. Talvez devido à enormidão que estas carregam ou só porque, simplesmente, ainda não lhes foi atribuído um espaço no dicionário. Prefiro acreditar que a primeira opção é a correcta e aí, juro-te que dou o meu melhor para me desenvencilhar com as palavras de que disponho. Gostava que ao leres estas mesmas palavras ,que estou certa de que nunca te direi, percebesses exactamente o que eu pretendia. Eu sei que tu és bom nisso do faz de conta, mas quando estás sozinho, basta sentires as coisas como o teu coração te manda, e não como a tua mente pede. Só assim vais descobrir o caminho para sair do teu labirinto, esse mesmo que não te deixa alcançar o labirinto de mais ninguém.

domingo, 27 de junho de 2010

História de encantar

Era uma vez uma princesa e um príncipe. É assim que todas as grandes histórias são anunciadas, ou pelo menos de maneira parecida. Mas eu cá prefiro começar a nossa da maneira que ela realmente começou, ou seja, com um simples " Estás bem? ". É estranho sim, mas foi a partir daí que tudo surgiu, lembras-te? Deixou de haver um eu e tu e passou a haver um nós, que iria durar tanto tempo quanto fosse necessário. Demorou o seu tempo até descobrirmos isso, mas todas as grandes descobertas precisaram de ser estudadas antes, nós não íamos ser diferentes meu querido. Agora que me vejo obrigada a transformar as memórias numa história e o presente no passado, percebo que o que nos uniu não foi amor, mas algo que implica sintomas diferentes e que me apercebi que o seu nome não figura no dicionário. Vou-te contar um segredo, mais um aliás, e não o contes a ninguém está bem? Guardei num pequeno livro todas as palavras que me disseste e leio-o de forma incansável todas as noites, antes de adormecer. É como se esse livro te transportasse da minha mente para meu lado, e aí, voltasses a dizer todas essas palavras mais uma vez. Pequenos caprichos de uma eterna apaixonada. É de doidos não achas?